do insignificante e inútil
Cheguei, por fim, a algum precipício. Somos conduzidos mesmo sem querer, sem autorização e a inércia parece não ser tão inútil assim.
Rochas nas minhas costas e tenho de saltar.
Não sei de nada, não compreendo mais.
Cantem-me mais lições de moral para continuar a flutuar sobre nuvens mortas da vida que vos corre pelo sangue. Gavetas abrem e fecham, voam arquivos, folhas soltas e rabiscos que ainda não concluí. Mantenham a boca fechada, tenho tempo para todos.
Vou sentindo, eventualmente, aquele tremor debaixo dos pés pois nunca vivi ou penso não o saber fazer mas intriga-me o quando. O como. Tudo é mais fácil quando o calor me incomodar as mãos e me falar ao ouvido recados que não sei se quero saber. Nada sei, as trevas não me mostram o amanhã então acho que não te quero.
Mas, ainda assim, vivo nelas.
Terá o monstro de me aceitar, terei eu de aceitar primeiro o monstro. Talvez se parasse e olhasse para fora do quarto barulhento e escuro, talvez alguma brisa me tocasse os sentidos e me levasse os pensamentos para algum lugar que deixou de importar, deixei de cair aos meus pés, já nem os conheço e consigo respirar quando me falam. Palavras voam autênticas e seguras de que não há qualquer perigo atrelado ao vôo de ideias cru porque me esqueci de me lembrar desse passo para trás, da hesitação suja a esconder-se levemente pelas escadas, porque há um areal por detrás de cada sombra que me rodeia.
Não te escrevi nada bonito, de novo. Mas irei saltar e não sei,
estarás à espera, talvez.