tenho buracos nas mãos
pintei o chuveiro de nevoeiro para te ver mais uma vez. e de olhos fechados ninguém pode dizer que não estás.
oh, o dia caiu levemente depressa e houve quem me aparasse o frio desta vez. há algodão doce no céu e tudo parece bonito passeando pelos sorrisos de lama. quando sonhei que podia ser atrás da névoa e o céu estava estrelado. suave. buracos cintilantes que me vestem as mãos, e é por aí que escorregas.
peguei na vassoura para limpar mas as mãos tremiam de embaraço, e só quando te descozi em pedaços é que me descozi também, então lá te deixei pelo chão, que não sei ser atrás da névoa nem à frente, sei sê-la. perdoa a minha alma desmembrada, porque vivo aqui no canto da apatia que infelizmente gosta de ti.
alguém me mostra o caminho? corta as asas ao tempo, para ser algodão doce e sorrisos de lama algum dia. sopra-me nas mãos.
paredes assombradas de luzes mágicas, corpos tomam-me os lábios e a arte cresce.